Ao Arquiteto

Sim, o amor também me comeu várias coisas. Comeu meu Perfil nas redes sociais, comeu todas minhas conversas nos chats de bate papo, comeu minha imagem dos sites de relacionamento.

O amor veio e comeu metros e metros de filmes de romance, que me faziam chorar, comeu as falas dos personagens que tanto eu gravei, comeu todas as cenas que tanto encenei.

O amor veio e comeu todas as canções que um dia escultei, comeu todas as músicas que um dia eu te dei, comeu todas as baladas que um dia eu cantei.

O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera poemas de João Cabral de Melo Neto.

O amor comeu todos os meus all stars, comeu todo meu estilo. Comeu minhas calças folgadas, minhas camisas de bandas, todo meu não estilo.

O amor veio e comeu toda a minha playlist. As músicas de amor, toda a minha bossa, todo meu samba, veio e comeu todo meu Rock in roll.

O amor comeu também meus poemas românticos, minha prosa realista, minha perfeição parnasiana, meu pessimismo simbolista.

O amor comeu todas as minhas estatísticas, comeu todas as minhas funções, minhas parábolas, minhas ondas eletromagnéticas, comeu toda minha integral e suas derivadas.

Devagar o amor comeu as proteínas de meu corpo, comeu tudo o que eu tinha de carboidratos, comeu minhas vitaminas e meus minerais, comeu todas as minhas forças.

O amor veio e mais uma vez comeu os papéis com as frases de Cabral, e tudo aquilo que ele nem pensou em escrever.

O amor comeu minhas virtudes, comeu os meus defeitos, comeu tudo o que sei e aquilo que nem sei, comeu todos os meus valores e todas as minhas crenças.

O amor comeu meu Stress, comeu minha paciencia, como todo meu sono e ainda por cima comeu toda a minha madrugada. Sem se ver por satisfeito o amor começou comendo minha isnpiração, comeu as minhas frases, minhas palavras, todas as minhas letras, comeu todo o poema que aqui eu escrevera.